O primeiro
julgamento no Vaticano de um clérigo acusado de pedofilia começará no dia 11 de
julho, anunciou o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, nesta segunda-feira
(15).
"O
presidente do tribunal de Estado do Vaticano acusou o ex-núncio apostólico da
República Dominicana Jozef Wesolowski. A primeira audiência acontecerá em 11 de
julho", afirmou.
Wesolowski é
ex-arcebispo polonês e diplomata papal que foi destituído
do sacerdócio no ano passado após denúncias de pagar crianças para
realizar atos sexuais.
Os crimes
pelos quais o ex-embaixador foi acusado supostamente foram cometidos durante
sua estadia em Roma, entre agosto de 2013 e 22 de setembro de 2014, quando foi
detido, assim como durante o período em que atuou como núncio na República
Dominicana, entre 24 de janeiro de 2008 e 21 de agosto de 2013.
"No
primeiro caso se trata da posse de material pedófilo, um crime que o Papa
Francisco incluiu em 2013 na legislação vaticana. No segundo caso, são abusos
de menores com base em uma acusação apresentada pelas autoridades judiciais de
Santo Domingo", explica o Vaticano.
O religioso
é acusado de ter mantido relações com menores de idade em um bairro de Santo
Domingo.
"O
Tribunal poderá basear-se na análise dos computadores do acusado, mas também em
eventuais formas de cooperação judicial internacional, destinadas a avaliar os
depoimentos probatórios apresentados pela justiça dominicana", destaca a
Santa Sé.
Renúncia de
bispos
O Vaticano
também anunciou nesta segunda que o Papa Francisco aceitou a renúncia de dois
bispos americanos acusados de proteção a padres pedófilos.
O arcebispo
de Saint Paul e Minneapolis, monsenhor John Clayton Nienstedt, e seu adjunto,
monsenhor Lee Anthony Piche, renunciaram depois que sua diocese foi acusada
pelas autoridades dos Estados Unidos de não ter protegido menores de idade em
relação a um padre que foi preso por abusos sexuais.
O pontífice
aceitou as renúncias com base em um dispositivo do código de direito canônico,
que prevê uma punição em caso de falta grave.
O Vaticano
não revelou mais detalhes, mas a punição havia sido solicitada por associações
de vítimas nos Estados Unidos.
A Santa Sé
anunciou na semana passada a criação de uma nova instância do direito canônico
para julgar os religiosos acusados de negligência ou de cumplicidade com padres
sob seu comando que foram considerados culpados de abusos sexuais.
Esta nova
instância não julgará os religiosos na área penal, como acontecerá com
Wesolowski, acusado diretamente de crimes de pedofilia.
As medidas
de combate aos abusos sexuais de menores ilustram a linha mais severa do
Vaticano para enfrentar o problema, que abala a credibilidade da Igreja
Católica.
Apesar dos
anúncios, no entanto, associações de vítimas afirmam que o Vaticano que não vai
suficientemente longe para punir os culpados.

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