Diversos
prefeitos brasileiros, entre eles o de São Paulo, Fernando Haddad participavam
nesta terça-feira (21) de uma audiência sobre o desenvolvimento sustentável das
cidades noVaticano. O
tema sustentabilidade foi um dos pilares da encíclica [carta circular] do Papa
divulgada no mês de junho.
Haddad falou
sobre sustentabilidade e desenvolvimento humano por volta das 11h30 locais
(6h30 de Brasília). Além dele, também foram ao Vaticano o presidente da Frente
Nacional dos Prefeitos (FNP) Marcio Lacerda, de Belo Horizonte, e ACM
Neto, de Salvador, entre outros.
Prefeitos de
outras cidades do mundo também estavam presentes, como o de Nova York, Bill de
Blasio.
Está
previsto um encontro da delegação brasileira com o Papa Francisco, no
qual eles entregarão uma carta ao pontífice. (leia na íntegra abaixo).
A escravidão
ainda existe em nossas cidades, incluindo aqui em Roma", disse o prefeito
da capital italiana Ignazio Marino.
Ex-cirurgião,
Marino denunciou o tráfico de órgãos, que ele garante que deve crescer, dada a
demanda crescente. Cerca de 10.000 operações são realizadas a cada ano para
extrair órgãos para o benefício de pacientes ricos em todo o mundo.
Estas
operações ilegais são realizadas principalmente na China, Índia e Paquistão,
assegurou.
Mas,
advertiu, "a África é a nova fronteira" deste tráfico internacional.
O prefeito de Roma também advertiu contra a tentação de legalizar esse tráfico,
permitindo a doação de órgãos em troca de remuneração, como, segundo ele,
estuda os Estados Unidos.
Testemunhas
mexicanas
A conferência, organizada no Vaticano, também ouviu o testemunho de duas jovens mexicanas, Karla Jacinto e Ana Laura Perez Jaimes, ambas feitas "escravas" durante anos em seu país.
A conferência, organizada no Vaticano, também ouviu o testemunho de duas jovens mexicanas, Karla Jacinto e Ana Laura Perez Jaimes, ambas feitas "escravas" durante anos em seu país.
Karla foi
forçada a se prostituir a partir dos 12 anos, presa em um bordel mexicano onde
fez as contas de seus "clientes" até sua libertação aos 16 anos: mais
de 42.000.
Ana Laura
relatou, por sua vez, como viveu por cinco anos presa em celas e, por vezes,
forçada a trabalhar 20 horas por dia, até que conseguiu escapar aos 23 anos.
"Não é
possível que isso continue a existis, não é possível que nós permanecemos
cegos" para lidar com esta situação, declarou.
"Temos
que mudar nosso estilo de vida", defendeu Anne Hidalgo, prefeita de Paris,
pedindo a implementação de uma "economia de menor impacto",
privilegiando, por exemplo, a reciclagem.
Hidalgo
agradeceu o convite do Papa, que permitiu comparar as experiências de dezenas
de prefeitos em todo o mundo sobre temas chave.
Papa pede firmeza
Durante sua fala, o Papa Francisco exortou a Organização das Nações Unidas (ONU) a adotar uma "postura muito firme" contra a mudança climática na cúpula sobre o aquecimento global marcada para dezembro em Paris.
Papa pede firmeza
Durante sua fala, o Papa Francisco exortou a Organização das Nações Unidas (ONU) a adotar uma "postura muito firme" contra a mudança climática na cúpula sobre o aquecimento global marcada para dezembro em Paris.
"Tenho
grandes esperanças na cúpula de Paris", declarou o Papa. "Tenho
grandes esperanças de que um acordo fundamental seja alcançado. A Organização
das Nações Unidas precisa adotar uma postura muito firme nisso."
Francisco, que falou de improviso em espanhol no fim do primeiro dia do evento, declarou esperar que a reunião parisiense trate "particularmente de como ela (mudança climática) afeta o tráfico de pessoas".
No mês
passado, Francisco emitiu uma encíclica sobre a mudança climática, a primeira
dedicada ao meio ambiente. A exortação para 1,2 bilhão de membros da Igreja
pode levar os católicos de todo o mundo a fazer lobby com formuladores de
políticas a respeito de temas ecológicos e da mudança climática.
Carta de
prefeitos brasileiros
A carta que os prefeitos brasileiros vão entregar ao Papa diz que os governos locais - as Prefeituras - também devem colaborar para reverter a crise climática global e cita metas estabelecidas para desatrelar o desenvolvimento das cidades do aumento de emissões de gases de efeito estufa.
O texto menciona que as mudanças climáticas pioram a qualidade de vida, especialmente da população mais carente, e que, para superar a vulnerabilidade dos mais pobres, adota políticas públicas de inclusão social.
Os prefeitos ainda pedem que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheça a importância dos governos locais na sustentabilidade do mundo e desenvolvimento humano.
Fernando Haddad foi convidado para um seminário com 15 prefeitos de todo o mundo e o governador da Califórnia no Vaticano nos dias 21 e 22 deste mês. O convite foi assinado pelo monsenhor Marcelo Sanches Sorondo, responsável pelo sacro Colégio.
Leia a carta que será entregue ao Papa:
“Declaração dos prefeitos brasileiros
A dificuldade na construção de um acordo internacional entre os chefes de Estado que contemple diretrizes mais audaciosas e efetivas no enfrentamento às mudanças climáticas já tem reflexos na piora da qualidade de vida das pessoas, em especial dos mais pobres. Essa situação coloca em risco os avanços conquistados no enfrentamento da miséria e das desigualdades nas ultimas décadas, refletindo-se no dia-a-dia das cidades que governamos.
Em sintonia com a Encíclica “Laudato Si”, reconhecemos a urgência de atender as necessidades dos mais pobres. Para enfrentar esse injusto cenário de desigualdades os 5.570 prefeitos brasileiros estão empreendendo esforços para que os excluídos possam superar a situação de vulnerabilidade. São políticas públicas estratégicas de inclusão social abrangendo educação, saúde, habitação, saneamento, transporte público, geração de renda, emprego, empreendedorismo e cooperativismo.
Reconhecemos também a responsabilidade dos governos locais em contribuir com a reversão da atual crise climática global. Há prefeitos brasileiros adotando metas para desatrelar o desenvolvimento das cidades do aumento de emissões de Gases de Efeito Estufa em seus territórios e nos padrões de produção e consumo. E, sabendo que esses esforços iniciais ainda são insuficientes, trabalharemos para incorporar a visão do desenvolvimento urbano de baixo carbono e resiliente às mudanças climáticas nos planejamentos das cidades brasileiras.
Cientes de que as mudanças climáticas são um desafio global, pleiteamos que os governos nacionais, e em especial o governo brasileiro, envide esforços na construção de acordos nacúpula do clima em Paris no final deste ano (COP21) que mantenham o aquecimento global induzido pelo homem abaixo de 2ºC, e tenham como objetivo avançar para níveis mais seguros.
Globalmente, como estratégia para enfrentar esse cenário desastroso, propomos a transferência de recursos e tecnologias dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, em especial aos mais pobres, e diretamente às cidades, visto que os primeiros são os que historicamente mais consomem recursos naturais e contribuem para o agravamento das mudanças climáticas.
Diante disso, reivindicamos ainda o reconhecimento, pela Organização das Nações Unidas (ONU), dos governos locais como atores fundamentais na promoção da sustentabilidade global e do desenvolvimento humano.
A carta que os prefeitos brasileiros vão entregar ao Papa diz que os governos locais - as Prefeituras - também devem colaborar para reverter a crise climática global e cita metas estabelecidas para desatrelar o desenvolvimento das cidades do aumento de emissões de gases de efeito estufa.
O texto menciona que as mudanças climáticas pioram a qualidade de vida, especialmente da população mais carente, e que, para superar a vulnerabilidade dos mais pobres, adota políticas públicas de inclusão social.
Os prefeitos ainda pedem que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheça a importância dos governos locais na sustentabilidade do mundo e desenvolvimento humano.
Fernando Haddad foi convidado para um seminário com 15 prefeitos de todo o mundo e o governador da Califórnia no Vaticano nos dias 21 e 22 deste mês. O convite foi assinado pelo monsenhor Marcelo Sanches Sorondo, responsável pelo sacro Colégio.
Leia a carta que será entregue ao Papa:
“Declaração dos prefeitos brasileiros
A dificuldade na construção de um acordo internacional entre os chefes de Estado que contemple diretrizes mais audaciosas e efetivas no enfrentamento às mudanças climáticas já tem reflexos na piora da qualidade de vida das pessoas, em especial dos mais pobres. Essa situação coloca em risco os avanços conquistados no enfrentamento da miséria e das desigualdades nas ultimas décadas, refletindo-se no dia-a-dia das cidades que governamos.
Em sintonia com a Encíclica “Laudato Si”, reconhecemos a urgência de atender as necessidades dos mais pobres. Para enfrentar esse injusto cenário de desigualdades os 5.570 prefeitos brasileiros estão empreendendo esforços para que os excluídos possam superar a situação de vulnerabilidade. São políticas públicas estratégicas de inclusão social abrangendo educação, saúde, habitação, saneamento, transporte público, geração de renda, emprego, empreendedorismo e cooperativismo.
Reconhecemos também a responsabilidade dos governos locais em contribuir com a reversão da atual crise climática global. Há prefeitos brasileiros adotando metas para desatrelar o desenvolvimento das cidades do aumento de emissões de Gases de Efeito Estufa em seus territórios e nos padrões de produção e consumo. E, sabendo que esses esforços iniciais ainda são insuficientes, trabalharemos para incorporar a visão do desenvolvimento urbano de baixo carbono e resiliente às mudanças climáticas nos planejamentos das cidades brasileiras.
Cientes de que as mudanças climáticas são um desafio global, pleiteamos que os governos nacionais, e em especial o governo brasileiro, envide esforços na construção de acordos nacúpula do clima em Paris no final deste ano (COP21) que mantenham o aquecimento global induzido pelo homem abaixo de 2ºC, e tenham como objetivo avançar para níveis mais seguros.
Globalmente, como estratégia para enfrentar esse cenário desastroso, propomos a transferência de recursos e tecnologias dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, em especial aos mais pobres, e diretamente às cidades, visto que os primeiros são os que historicamente mais consomem recursos naturais e contribuem para o agravamento das mudanças climáticas.
Diante disso, reivindicamos ainda o reconhecimento, pela Organização das Nações Unidas (ONU), dos governos locais como atores fundamentais na promoção da sustentabilidade global e do desenvolvimento humano.
Roma, 20 de
Julho de 2015.
Marcio Lacerda – Prefeito de Belo Horizonte (MG) e Presidente da FNP
Fernando Haddad – Prefeito de São Paulo (SP)
Eduardo Paes – Prefeito do Rio de Janeiro (RJ)
ACM Neto – Prefeito de Salvador (BA)
Gustavo Fruet – Prefeito de Curitiba (PR)
José Fortunati - Porto Alegre (RS)
Paulo Garcia – Prefeito de Goiânia (GO)”
Marcio Lacerda – Prefeito de Belo Horizonte (MG) e Presidente da FNP
Fernando Haddad – Prefeito de São Paulo (SP)
Eduardo Paes – Prefeito do Rio de Janeiro (RJ)
ACM Neto – Prefeito de Salvador (BA)
Gustavo Fruet – Prefeito de Curitiba (PR)
José Fortunati - Porto Alegre (RS)
Paulo Garcia – Prefeito de Goiânia (GO)”


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